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Revista de Hepatologia - MORFOLOGIA DO FÍGADO: DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA
JULHO/AGOSTO-2000


MORFOLOGIA DO FÍGADO: DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA

Dra. Claudia P.M.S. Oliveira
Médica pesquisadora da Disciplina de Gastroenterologia da FMUSP

Os principais componentes celulares do parênquima hepático são as células hepáticas propriamente ditas (hepatócitos) que se dispõem organizadas em lâminas separadas por sinusóides; células endoteliais, localizadas nos sinusóides; células de Kupffer localizadas na periferia dos sinusóides. As células de Ito, lipócitos diferenciados que produzem colágeno e tecido conectivo responsáveis pela sustentação do parênquima, juntamente com as células de defesa como as NK (natural killer) e linfócitos citotóxicos, que também formam o parênquima hepático.

À microscopia de luz, o parênquima hepático é constituído de unidades funcionais denominadas de ácino ou estrutura acinar hepática (Fig.1). Descrita em 1958 por Rappaport, a estrutura acinar é formada pelos chamados espaços porta (Fig.2), trabéculas de hepatócitos que são circundadas por capilares sinusóides, os quais convergem para a veia centrolobular.

Os chamados "espaços-porta" são constituídos por um ramo da veia porta, um ramo da artéria hepática, um dúctulo biliar, vasos linfáticos e terminações nervosas, associados a tecido conectivo.

Na unidade acinar, o sangue é direcionado dos espaços-porta, passando por meio dos sinusóides que banham as traves de hepatócitos, até a veia centro-lobular. Devido às anastomoses entre o sistema portal e arterial, nos capilares sinusóides o sangue venoso e arterial se misturam. Posteriormente, o sangue é drenado em direção à veia centro-lobular que por fim busca as veias hepáticas. Os espaços existentes entre o hepatócito e o endotélio sinusoidal denominam-se espaços de Disse.

O parênquima do ácino é dividido em três zonas ou regiões: zona I - mais próxima dos ramos portais; zona II - zona intermediária; zona III - zona próxima à veia centro-lobular.

Existem algumas diferenças entre as zonas, sobretudo no que diz respeito à funcionalidade dos hepatócitos. Os hepatócitos da zona I recebem sangue mais rico em oxigênio, sendo portanto mais resistentes à hipoxia e têm maior capacidade de regeneração. Já os da zona III que recebem nutrição principalmente de vasos eferentes, pobres em oxigênio, são mais susceptíveis à lesão isquêmica. São funcionalmente distintos, conferindo ao órgão uma heterogeneidade funcional.

 
Desenho ilustrativo de um ácino hepático. (in Laudanna A. A.- Gastroenterologia Clínica - 1990
baseado em microfotografia de fígado de rato obtida por Rappaport, a. m. et al 1960) (transilumunação 385x) vht vênula hepática terminal vp vênula portal terminal z1e z2 zonas mais proximalmente banhadas pelo sangue.

Lâmina de fígado de rato Wistar
(he 40x) corte histológico evidenciando veia centro lobular.
Observação Dra. Claudia P. Oliveira.

Lâmina de fígado humano.
(masson 40x) evidencia: veia, artéria e dúctulos biliares.
Observação Dr. Eduardo R. Cançado

 

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