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Jornal de Gastroenterologia - ESÔFAGO


ESÔFAGO


II - CLASSIFICAÇÃO FISIOPATOLÓGICA GERAL DAS
AFECÇÕES DO ESÔFAGO

INTRODUÇÃO

Na primeira edição do Gastroinfo ocupamo-nos do refluxo gastroesofágico. Neste número consideraremos, globalmente, a classificação da fisiopatologia das afecções do esôfago, tendo em conta a sua estrutura e função.

O esôfago é orgão muscular, com inervação que se termina nos plexos da camada muscular e é revestido por mucosa pavimentoso-estratificada. Na submucosa e na lâmina própria encontram-se as "glândulas esofágicas", do tipo mucoso.

CLASSIFICAÇÃO FISIOPATOLÓGICA GERAL DAS
AFECÇÕES DO ESÔFAGO

Afecções do esôfago

  1. Condições primariamente oclusivas ou suboclusivas.
  2. Prejuízo primário da motilidade esofageana.
  3. Condições primariamente lesivas da mucosa.
  4. Efeitos fisiopatológicos de pressões, traumatismos e trações.

1. Condições primariamente oclusivas ou suboclusivas

    As mais freqüentes são as seguintes:

  • Tumores benígnos ou malígnos.
  • Corpos estranhos (botões ou similares deglutidos especialmente por crianças, espinhas de peixe, etc...).
  • Pólipos (os pólipos do esôfago são raros).
  • Estenoses cicatriciais.
  • Comentários

  • Os tumores do esôfago são geralmente carcinomas ou adenocarcinomas, que se apresentam como vegetantes, polipóides, esquirrosos e ulcerados.
  • Os tumores benígnos, leiomiomas, fibromas, rabdomiomas e outros, tendem à malignidade.
  • O álcool e o fumo são apontados como favorecedores do câncer de esôfago.
2. Prejuízo primário da motilidade esofageana

    São condições em que os mecanismos motores do esôfago estão primariamente afetados. Exemplos:

  • Lesões cerebrais e bulbares
  • Seringomielia
  • Neurites do glossofaríngeo
  • Poliomielite
  • Esclerodermia
  • Miastenia grave, neuropatia diabética
  • Megaesôfago
  • Comentários

    O megaesôfago será tema específico de futura edição do Gastroinfo.

    Ficam lembrados alguns conhecimentos essenciais:

    Megaesôfago Chagásico é o mais freqüente entre nós. Tem a denominação popular de "mal do engasgo". De modo semelhante ao que sucede no miocárdio (Carlos Chagas), na musculatura do esôfago aninham-se as formas em leishmania do Trypanosoma cruzi, com prejuízo neuro-muscular do orgão, dilatação e alongamento do mesmo.

    Existe também megaesôfago não-chagásico, por alguns denominado megaesôfago europeu. Deve-se a agangliose ou hipogangliose do plexo mioesofágico.

3. Condições primariamente lesivas da mucosa

    Neste grupo, a lesão da mucosa é a condição primária. Os exemplos elucidam o conceito.

  • Lesões cáusticas e corrosivas (álcalis, ácidos, atresias e agenesias)
  • Esofagites
  • Esofagites de refluxo
  • Esôfago de Barrett
  • Síndrome de Plummer-Vinson
  • Síndrome de Mallory-Weiss

4. Efeitos fisiopatológicos de pressões, traumatismos e trações

    Aqui estão os divertículos do esôfago e as hérnias diafragmáticas.

    O divertículo de Zenker, por exemplo, situa-se na porção alta do esôfago (região cricofaringeana) e resulta do efeito de propulsão contra área de musculatura anatomicamente mais fraca.

    Os divertículos do esôfago são ditos de tração ou de propulsão.

    A debilitação ou afrouxamento, decorrentes de diversas causas, das estruturas de fixação da cárdia, favorecem o aparecimento de hérnias diafragmáticas. É causa adicional o aumento da pressão intra-abdominal, citando-se a obesidade, as ascites e a gravidez. O assunto prossegue em investigação.


Hérnia hiatal. Observe o pregueamento próprio da
mucosa gástrica acima do pinçamento diafragmático.
 

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