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Revista de Gastroenterologia da Fugesp - EPIDEMIOLOGIA DA HEPATITE PELO VÍRUS C
Jul/Ago-2002

EPIDEMIOLOGIA DA HEPATITE PELO VÍRUS C

Dr. José Eymard Moraes de Medeiros Filho
Pós-Graduando da Disciplina de Gastroenterologia Clínica
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

O vírus da hepatite C (VHC) é hoje um dos principais problemas de saúde pública no mundo, acometendo mais de 300 milhões de pessoas em todo o globo e representando a principal causa de insuficiência hepática e indicação de transplante hepático na maior parte dos serviços em todo o globo.

Identificado há apenas 13 anos por Choo e cols. em 1989, consiste em um vírus de RNA de fita simples pertencente à família Flaviviridae, relacionado a Pestivirus e ao vírus da febre amarela, entre outros.

Apresenta uma ampla variabilidade em sua estrutura genética, diferindo em diferentes genótipos de importância por apresentarem características clínicas e distribuição geográficas próprias. Os seis genótipos, identificados por números de 1 a 6, apresentam subtipos distintos, embora relacionados, por sua vez identificados por letras (a, b, c, d).

Devido a sua ampla variabilidade genética, decorrente da alta taxa de replicação viral e da ausência de atividade de proofreading (correção da seqüência de RNA replicada) durante sua replicação, o VHC existe em um indivíduo como um aglomerado de genomas virais semelhantes, porém não idênticos, diferindo entre si por pequenas substituições na sua seqüência genética. A este pool de genomas virais intrinsecamente relacionados dá-se o nome de quasispecies.

No Brasil, assim como nas Américas, os genótipos mais prevalentes são o 1, 2 e 3, responsáveis por mais de 90 % dos casos. Dentro do próprio Brasil, observam-se diferenças na prevalência entre os distintos genótipos, embora o genótipo 1 seja o mais freqüente, responsável por mais de 60% dos casos de infecção pelo VHC no país.

Entretanto, na região Centro-Oeste observa-se uma maior incidência relativa do genótipo 2, ao passo que na região Sul o genótipo 3 representa quase a metade dos casos de infecção.

Como estes dois genótipos apresentam melhor padrão de resposta ao tratamento com interferon (IFN) convencional, justifica-se a mais alta taxa de resposta observada nestas regiões quando comparada às regiões Sudeste e Nordeste, predominantemente infectadas pelo genótipo 1.

Acredita-se que 1% a 3 % da população brasileira esteja infectada pelo VHC. Até 1992, ano em que foi disponibilizada e tornada obrigatória a realização de testes em bancos de sangue para identificação e descarte de hemoderivados contaminados pelo VHC, a hemotransfusão e a utilização de hemoderivados eram as principais vias de contaminação.

Deste modo, pacientes hemofílicos e submetidos a cirurgias extensas, principalmente cirurgias de revascularização miocárdica, constituíam-se nos principais grupos de risco. Hoje, essa possibilidade torna-se bem mais remota, embora não impossível, com a existência de testes de maior sensibilidade e especificidade, e sua ampla realização em bancos de sangue, conforme determinado por lei.

Entretanto, a incidência de novos casos em outros grupos populacionais vem aumentando, decorrentes da mudança no perfil epidemiológico, sendo hoje os grupos de maior risco os usuários de drogas intravenosas (UDI) e os pacientes em hemodiálise.

No setor de Hepatologia da Disciplina de Gastroenterologia Clínica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em análise das características demográficas e epidemiológicas de 628 pacientes entrevistados prospectivamente entre janeiro de 1998 e janeiro de 2001, observou-se:

  • uma distribuição semelhante quanto ao sexo (51% para masculinos, 49% para feminino), e
  • predomínio em indivíduos de cor branca (65% dos casos).

    Quanto à distribuição por idade,

  • a maioria (60%) dos casos situavam-se entre os 40 e 60 anos no momento do diagnóstico da infecção, seguidos pela população entre 20 e 40 anos de idade.
  • A hemotransfusão antes do início dos anos 90 era referida como principal fator de risco em 59% dos casos,
  • seguida de uso de drogas intravenosas em 12% dos pacientes.
  • Trinta e um por cento dos pacientes não referiam estes dois fatores de risco, sendo a sua via de transmissão denominada de esporádica.
  • Entretanto, a maior parte deles referia a existência de um outro fator de menor impacto epidemiológico, como tatuagem, acupuntura, hospitalização para tratamento clínico, pequenas cirurgias sem hemotransfusão (hemorróidas, suturas, exerese de unhas), entre outros.

Quanto à histologia no momento da apresentação, 38% dos casos apresentavam-se com fibrose F4 (METAVIR) e 55% F2 ou F3. Uma possível explicação reside no fato de, sendo um Centro de Referência com a maior movimentação de pacientes VHC no Estado de São Paulo, o nosso serviço era referenciado para pacientes com doença, e não apenas infecção pelo VHC, provenientes de todo o Estado, e até mesmo de todo o país.

Concluímos, deste modo, que a infecção pelo VHC é um problema de saúde pública também no nosso meio, que leva a um importante comprometimento da sobrevida e da qualidade de vida de pacientes em nossa região, merecendo um olhar mais atento por parte dos agentes responsáveis pelas diretrizes de política de saúde, incluindo não apenas ações de tratamento, mas, principalmente, de prevenção.

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