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 Doença de Alzheimer

 
A DOENÇA DE ALZHEIMER
                                                                                                                 

Antonio A. Laudanna


A doença de Alzheimer está ocupando posição de ponta na pesquisa médica.

Essa trágica modalidade de demência foi descrita pelo médico alemão  Alois Alzheimer em uma senhor a de 51 anos apenas, no início do século XX. A descrição da doença em pessoa não significantemente idosa, o que aconteceu e acontece em outros casos, levantou a hipótese médica de se tratar de uma forma de demência precoce, o que hoje já não se entende mais assim, pois a doença pode estar, como com frequência  está, em pessoas verdadeiramente idosas e com idade superior a 65 anos . Parece-nos, entretanto, que a “esclerose “  do grande idoso não seja igual a Alzheimer, sendo  óbvio que  Alzheimer possa sobrepor-se à esclerose do idoso e por ela agravar-se.

Há uma modalidade da doença de Alzheimer, menos frequente, porém bem definida  e estuda, que é o Alzheimer autossômico dominante ( forma autossômica dominante), de alto interesse  para a pesquisa, permitindo caracterizar-lhe a vinculação genética, o quadro histopatológico, os “marcadores” que a acompanham  e, inclusivamente, as possibilidades terapêuticas.

No Alzheimer há deposição no cérebro de substância beta-amilóide, particularmente beta-amilóide 4, por se relacionar à lipoproteína que lhe é carregadora mais frequente, que é a apolipoproteina   APOe4.
                        
Estudos recentes demonstraram que a substância beta-amilóide (A-beta) pode ser localizada pelo PET até 15 anos antes de a doença aparecer e mais, que a A-beta e a denominada proteína “tau”, podem ser detectadas no liquor até 25 anos antes de a doença manifesta.  A substância A-beta ou A-beta4 está relacionada a uma proteína que lhe é precursora, denominada APP  ( amiloid precursor protein), encontrada no cérebro de pacientes com síndrome de Down , sabidamente ligada ao cromossoma 21.  O Alzheimer relaciona-se a mutações  dos cromossomas 1 e 4 além da forma autossômica dominante já referida. A substância deposita-se em placas no tecido nervoso e entre as neurofibrilas dos neurônios, formando, com o avançar da moléstia, um emaranhado de fibrilas e substância beta-amilóide a que se denomina de imagem  “tangle” em língua inglesa. A substância atinge preferencialmente os núcleos da base, o hipocampo, lobos parietais e frontal. Clinicamente o indivíduo está no caminho da demência, primeiro “apagando” progressivamente a memória, logo a cognição, podendo passar por alucinações, quadros psicóticos, inclusive de grande agitação, depressão e chega à morte.
 
Os importantes avanços que consideramos medicina de “ponta” sobre a doença de Alzheimer vêm ocorrendo desde 1999, quando estudos em ratos geneticamente suscetíveis à deposição de betamilóide no sistema nervoso , mostraram que a vacinação desses ratos com beta-amilóide produziu anticorpos e os tecidos foram significantemente preservados de placas e de emaranhado amiloide-fibrilas. A vacinação em seres humanos e o estudo em necropsias também mostrou redução de placas amiloide, o que se deu em 2003. A imunização passiva com anticorpos monoclonais em humanos, realizada em 2010 e controlada através de PET não evidenciou, ainda, resultados favoráveis superiores a à faixa entre 15% e 25%.
 
De qualquer forma, essa importante área, tão fechada aos braços da ciência médica, começa a ceder, com favoráveis vislumbres científicos e, portanto, terapêuticos.
                           

Referências bibliográficas

1 –     Gandy, S.  – Lifelong-Management of Amyloid-Beta Metabolism to Prevent Alzheimer’s Disease.  N Engl J Med 2012; 367: 864 – 866.

2 -     Kosik, k. S. et  al  - Tracking the insidious course of Alzheimer’s disease. Nature Medicine 2012; 18: 1342 – 1343.

3 -     Small S. A., Mayeux R. – Alzheimer Disease and Related Dementias in Merritt’s Neurology 11 th edition,  Rowland, L.P., Ed. 2005 Lippincott  Williams & Wilkins.
         


 

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